19 de ago. de 2007

A evolução da espécie e a falta dela...

Há um tempo, em um sábado à tarde, em um desses encontros de amigas, estávamos tomando sol à beira da piscina, quando uma delas comentou:

“Maldita hora que as mulheres resolveram rasgar o sutiã. Agora, temos que ser, a todo custo, namorada ou esposa perfeita, mãe dedicada, dona de casa exemplar e, ainda por cima, profissional invejável, tendo que nos preocupar com constantes estudos e atualizações profissionais, mercado de trabalho e sustento da família. É muita responsabilidade! Acho que gostaria apenas de ser esposa, mãe e dona de casa...”

Uma recente pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) traz à tona um problema conhecido dos lares brasileiros, a dupla jornada feminina, representada pela atividade profissional e pelos afazeres domésticos, além da responsabilidade com os filhos, muitas vezes delegada exclusivamente à mãe. Infelizmente, ainda há pessoas que atribuem à mulher o compromisso com as tarefas domésticas e é nesse ponto que percebo o quanto os homens não evoluíram em alguns aspectos.

Desde a I e II Guerras Mundiais, quando os homens que voltavam, muitas vezes estavam mutilados e inválidos, as mulheres se viram obrigadas a assumir compromissos, antes restritos aos maridos, seja como empregada em determinadas funções ou levando adiante os negócios da família. Em seguida, veio ainda o desenvolvimento tecnológico e as primeiras leis trabalhistas, e as mulheres foram, aos poucos, sendo inseridas no mercado de trabalho, e, naturalmente, buscando estudos específicos e conquistando novas funções. Mas e os homens, por que não assumiram sua responsabilidade nas tarefas domésticas com a mesma energia e agilidade?

É fácil compreender a razão pela qual a mulher era tida como responsável em cuidar da casa e dos filhos, até meados do século passado, estas eram suas únicas funções, mas os tempos mudaram, e muito! Hoje em dia, a mulher não trabalha apenas por vaidade e conquista pessoal, na maioria das vezes, seu salário complementa a renda da casa, o sustento da família, os estudos e educação dos filhos. Com o custo de vida cada vez mais elevado, apenas o salário do homem não é suficiente para arcar com todas as despesas, isto quando o homem está trabalhando, caso contrário, a mulher assume toda a responsabilidade financeira.

Desde crianças, vivenciamos o preconceito carregado por séculos e séculos, os meninos não são estimulados a assumirem os compromissos domésticos, nem mesmo em tarefas simples, como arrumar seu próprio quarto ou lavar o copo que usou. Já as meninas, além de ajudarem nos serviços, ainda ganham de presente brinquedos como jogos de cozinha. O grande problema que vejo nisso tudo, é o fato dos homens nutrirem uma dependência em relação às mulheres. Eles não são incentivados a se “virarem sozinhos” e, muitas vezes, acham que a mulher tem como responsabilidade, “cuidar” de sua casa, de seus pertences, de sua vida... A pesquisa do IBGE indica que 83% das meninas entre 10 a 17 anos realizam tais tarefas, enquanto que entre os meninos, o índice é de apenas 47,4%.

Um dado interessante que percebi na pesquisa é que os homens com maior escolaridade assumem mais tarefas domésticas, e ao contrário, as mulheres com nível de instrução mais elevado, passam menos tempo nesse tipo de serviço, o que indica planejamento de vida, respeito e responsabilidade entre os casais de maior grau de instrução, porém, o problema persiste em famílias de baixa renda, onde as dificuldades financeiras são ainda maiores e as mulheres, geralmente geradoras do sustento da família, trabalham fora e assumem praticamente todas as tarefas de casa.

Por isso defendo: o homem ainda tem muito a evoluir! E esta não é nenhuma afirmação feminista, porque sou avessa a qualquer tipo de radicalismo inconsistente.
O melhor argumento vem da própria história, que nos apresenta as mudanças de comportamento entre homens e mulheres!

2 comentários:

Anônimo disse...

Prezada Sandra,

Boa noite.

Hum... acho que faço parte desta sua estatística. Eu assumo vários afazeres domésticos... devo ter uma instrução mais elevada... ou porque moro sozinho e não tem outro jeito.. eheheheh (Acho que a segunda opção que tem mais peso... )

Um ponto que eu gostaria de comentar é que esse "preconceito" é mantido não somente pelos homens, mas também por algumas mulheres.

Até alguns anos atrás, quando visitava meus pais, eu não podia ajudar a arrumar a cozinha após o almoço ou o jantar. Pois minha vó reclamava bastante, dizendo que isso era trabalho de mulher. Que coisa... heim... uma mulher machista... Mas é realmente isso... algumas atividades não eram permitidos em casa.

Já a minha mãe era um pouco mais amena... dizia que eu precisava casar para ter alguém para me ajudar nos afazeres de casa. E sabe o que respondi? Bem... que gostaria de uma mulher para me fazer companhia e não só para fazer as atividades de casa. E que para ajudar a realizar as atividades de casa eu poderia contratar alguém (mais simples e dá menos dor de cabeça... ehehehehe).

Um outro ponto que gostaria de comentar é que eu comecei a me virar um pouco tarde... mais ou menos a partir dos 18 anos quando sai para estudar. Nesta época, fazia um pouco de tudo, cozinhava, lavava, passava, etc. e alguns anos depois ja me virava um pouco melhor. De lá para cá tenho me aperfeiçoado um pouco... (Alguns pratos vc, Sandra, já até experimentou :) e gosto do que faço . Um fato curioso é que lá pelos 20 e tantos... conhecia várias meninas na mesma faixa etária... que nem sabiam como fritar um ovo, pregar um botão, não faziam atividade doméstica alguma... as(os) empregadas(os) ou as mães faziam todas as atividades, elas somente ficavam bonitas para ir as baladas (Acredito que hoje deva ser um pouco diferente). Então um ponto é... o que é evoluir?

Agora um ponto que não dá para negar, Mulher mãe, tem um sentimento extremamente forte de mãe, acima de qualquer coisa. Sentimento o qual a fazem querer o bem aos filhos e a família mesmo a um grande esforço de sua parte, trabalhando em casa, fora de casa, ficando acordada várias noites por causa dos filhos, etc. Elas são, em geral, um exemplo de vida.

Sandra Alves disse...

Caro Godoy!

Vc é uma excessão né rsrs, realmente já experimentei seus pratos e me surpreendi com suas habilidades culinárias!
Mas quanto a mulher com pensamentos machistas, isso realmente acontece, inclusive comigo. Estamos impregnados por conceitos antigos que sempre nos "pegamos" julgando situações ou comportamentos que sejam diferentes do que a sociedade aceita como normal. Acredito que a vida nos proporciona um eterno aprendizado. O importante é estarmos felizes e realizados com o que fazemos!