A pacata cidade do interior estava em polvorosa aguardando o grande show do final de semana com a cantora Perla. A apresentação musical faria parte das comemorações à padroeira da cidade.
A pequena Paulinha foi passar o final de semana na casa do pai e chegou bastante entusiasmada comentando sobre a cantora. A pré-adolescente usava de vários artifícios tentando convencer a família a levá-la ao show e comentava com a namorada do pai:
- Lívia as músicas da Perla são super legais e ela dança assim olha – a garota de 11 anos requebrava o quadril e mexia o abdômen - imitando o ícone pop - enquanto tomava seu banho preparando-se para o grande show.
A namorada do pai, Lívia, de 36 anos, achou aquela dança muito estranha e comentou:
- Nossa, faz muito tempo que não vejo a Perla, mas acho que ela não dança assim não Paulinha, ela já deve ser avó e essa dança é muito moderna pra ela.
- Não Lívia, a Perla ainda nem casou, você vai ver, vai gostar do show.
E partiram para a praça da igreja, onde aconteceria a atração: Paulinha, o pai, a namorada dele e a avó paterna. O local estava repleto de gente, parecia que toda a cidade aguardava o grande momento.
Paulinha não agüentava mais tanta espera, até que o apresentador, chamado de Bigodão, anunciou a entrada da cantora!
A garota nem piscava, de olhos fixos no palco, com a máquina fotográfica posicionada para registrar cada passo de sua cantora preferida. De repente, uma senhora de longos cabelos negros cumprimentava o público com um sotaque estranho. Por alguns segundos, Paulinha ficou atônita, de boca aberta e olhar assustado, quando enfim, conseguiu falar:
- Cadê a Perla? Esta não é a Perla! – esbravejava a menina.
- Claro que é a Perla, Paulinha! – falava Lívia sem entender o motivo da decepção da garota.
- A Perla não é essa mulher e ela não canta essas músicas ridículas. Eu quero ir embora agora! – exigia aos prantos.
Após lamentar sem sucesso, a garota adormeceu sentada em uma cadeira e nem viu a apresentação musical. O pai e a namorada divertiram-se relembrando a infância e os nostálgicos anos 80, com suas cores extravagantes, os cabelos exagerados e as músicas bregas. A avó recordava a época em que suas crianças brincavam na rua, comiam frutas direto do pé e assistiam a Caverna do Dragão tomando Ki Suco. Época em que ela sonhava com o futuro dos filhos e imaginava como seria a sua velhice.
As Perlas
Um comentário:
Boa sacada !!!
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