É muito comum ouvirmos que a China é uma potência mundial, que os chineses estão dominando o mercado econômico, que seu produto interno bruto cresce aceleradamente, que seus produtos têm a mesma qualidade, porém preços desesperadamente competitivos...
E tudo isso parece tão distante da nossa realidade quando pensamos em termos de cenário econômico e seu peculiar linguajar: PIB, taxa básica de juros, Selic, IPCA, IGP, commodities, câmbio, desaceleração econômica, demanda e oferta, restrição de crédito, etc...
Mas nem é preciso entender todo esse universo pra saber o quanto a China está dominando o mundo. Basta dar uma passadinha em alguns conhecidos pontos de compra na grande São Paulo como a famosa Rua 25 de Março, a Galeria Pagé (próxima ao Mercado Central) e a região do Brás, entre muitos outros locais espalhados pela cidade.
São conglomerados de lojas que oferecem os mais variados artigos, desde roupas, sapatos, perfumes e bolsas até os modernos e tecnológicos acessórios e produtos eletrônicos. O mais intrigante é a oferta de marcas e grifes a preços surpreendentemente baratos.
Se você tiver dificuldades em encontrar um novo produto eletrônico em uma loja convencional, certamente irá achá-lo neste mercado “alternativo”, nas mais diversas opções de cores e tamanhos, com luzes verdes e musiquinha eletrônica. Sabe-se lá a procedência e a originalidade, mas neste país, com os exemplos que temos lá de cima, essas são questões pouco consideradas, infelizmente.
É incrível como esses chineses são criativos e sabem ocupar pequenos espaços. Você olha essa tal Galeria Pagé pelo lado de fora e não imagina a extensão que isso tem por dentro, são corredores, andares e escadas que vão surgindo do nada e se bobear você se perde em meio a barracas, estoques, pequenas lojas e uma multidão consumidora.
E o mais interessante desse “passeio” é quando você ouve: - Olha o rapa.
É gente gritando de um lado, gente correndo de outro, camelôs recolhendo suas mercadorias e os consumidores presenciando tudo, assustados com o corre-corre e decepcionados com a compra comprometida. Assim segue a rotina diária deste famoso comércio ilegal instalado no coração da maior cidade do continente americano.
Mas quem é esse rapa? Que poder ele tem?
Infelizmente nenhum. Esse rapa é uma espécie de guarda municipal, um profissional de mãos atadas, que circula impotente em meio ao comércio ilegal e, às vezes, realiza algumas apreensões que não duram mais que 20 minutos, quando tudo volta ao normal como se nada tivesse acontecido.
Realmente não dá para entender a razão desse trabalho. Ele não funciona mesmo!
E assim segue o nosso Brasil, com toda a sua ambigüidade legislativa. Um comércio que não pode, mas funciona. Uma fiscalização que deveria, mas não funciona.
E já que nosso país nada ganha com esse tipo de comércio irregular, que não gera impostos muito menos emprego formal, vou propor aqui um negócio da china, ou melhor, uma oportunidade rentável: “a solução é alugar o Brasil”!
Tudo bem, eu assumo, a idéia não é original. Raul Seixas já lançou esse discurso há algumas décadas, mas como ela ainda não foi implantada, quem sabe podemos ganhar dinheiro agora.
O aluguel de terras estrangeiras para o cultivo agrícola já é uma realidade, então porque não alugar um pedacinho do Brasil para esses chineses. Eles já estão usufruindo de nossos recursos, capital e poder de consumo sem pagar nada por isso!
Como diria Raul:
“A solução pro nosso povo eu vou dar
Negócio bom assim ninguém nunca viu
Tá tudo pronto aqui é só vim pegar
A solução é alugar o Brasil...”
E só pra não perder o costume: Toca Raul!
23 de dez. de 2008
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Um comentário:
O Brasil infelizmente já está alugado, haja vista Europeus e alguns americanos que já possuem terras na amazônia, nosso maior patrimônio.
Alberto Santos Maka
Jornalista/ Escritor e Poeta
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