4 de ago. de 2009

Sim à morte


Entender o ser humano é cada vez mais difícil e de tanto me surpreender com as loucuras do bicho homem, achava que nada mais nesse mundo me arregalaria os olhos, até que dias desses, ouvi uma história...

A garota de 22 anos aparentava mais de 40. Sexo para bancar as drogas e drogas para bancar a vida. O círculo vicioso de uma existência redundante e infeliz a fez portadora de um vírus letal, o HIV.

Viver - para a garota condenada à morte – era um fardo pesado demais. Com a ajuda do crack os segundos eram dias, os meses pareciam minutos, perfeito para quem estava anestesiada de qualquer sentimento.

O ofício do sexo sustentava o vício e, com o cheiro da morte impregnado em suas narinas, decidiu que não partiria sozinha, levaria consigo todo ser humano que, com ela, desfrutasse poucos minutos de ínfimo prazer.

A decisão por não se prevenir no sexo, além de antecipar seu atestado de óbito, colocou-a no único momento em que criou algo: novas vidas. Duas crianças foram geradas e, por forças divinas, não contraíram a doença.

Para tentar conter a procriação desenfreada que trazia ao mundo, pequenos inocentes condenados a um futuro incerto, uma assistente social ofereceu ajuda, a possibilidade de uma cirurgia de laqueadura. A improbabilidade da resposta é de enlouquecer qualquer estatístico gabaritado:

“Essa cirurgia vai contra meus princípios religiosos”.


Depois disso, tive a certeza de que existe consciência após a morte. Porque esse ser humano estava morto e, de repente, resolveu expressar algum tipo de reação à vida...

4 comentários:

Shrley Caires disse...

Esta história nos faz pensar em quanta responsabilidade tem um simples gesto de nossas vidas. Como um sim ou um não na hora do prazer pode nos colocar em risco, e também outras pessoas.
O amor a si mesmo pode mudar histórias, salvar vidas, e fica claro nessa batalha individual que é possível mudar atitudes e melhorar como ser humano, sempre é tempo de mudança.
Adorei a forma como descreveu este relato de vida, e como a verdade as vezes nos faz doer a alma.

.Juliana Andrade. disse...

Sinto falta das suas postagens! E de você!
Beijos,
.ju.

daniel heldt disse...

Parabéns pelo niver!!!

Fábio Shiraga disse...

O blog morreu?